Helena Sant'Ovaia

Janeiro 2023







PETROFÍSICA

SÓCIA APG Nº O918

Nativa do Porto, docente na FCUP e diretora do Instituto Geofísico da UP, com uma perna na dança e outra na corrida. A cristalografia convenceu-a a seguir caminho na Geologia, mas foram as anisotropias magnéticas dos granitos que trouxeram ordem à sua vida académica. É mulher de causas e de pôr mãos à obra e ao martelo.

"Aquilo era um momento solene, preparar uma aula, o professor preparava uma aula! Eu acho que isso agora perdeu a solenidade, as pessoas estão tão assoberbadas por tantas coisas para fazer, quem vai preparar uma aula?!?"

Encontrámos a Helena no seu Instituto Geofísico da Universidade do Porto, casa que a viu crescer e que a magnetizou academicamente até hoje. Mais tarde, ela retribuiu. Sempre despachada, sempre entusiasta, sempre ativa, é o oposto da lentidão dos processos que estuda. Apaixonada por simetrias e com uma saudável obsessão assumida pela ordem, a Helena procura a "desordem" magnética nas rochas que estuda. Venham descobrir a geóloga que primeiro decide "o quê" e só depois resolve o "como", porque os geólogos são como os magmas, mais tarde ou mais cedo arranjam sempre forma de ascender e se instalar. 


Entrevista 

Instituto Geofisico do Porto, Vila Nova de Gaia, julho de 2022


1. Nome, idade, local de nascimento?

O meu nome é muito comprido. (sorriso) Helena Maria Sant'Ovaia Mendes da Silva. Portanto, eu uso a versão reduzida, que é Helena Sant'Ovaia. Nasci no Porto, a 13 de janeiro de 1968, o que significa que tenho 54 anos.

2. Conte-nos, como se fosse para leigos, o que faz profissionalmente.

Muita coisa. Sou professora na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, no Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território. Sendo professora, sou responsável por lecionar imensas unidades curriculares, ou disciplinas, como antigamente se dizia: geodinâmica, Geologia estrutural, riscos geológicos, geofísica, etc. Para além disso, também tenho a minha atividade de investigação. Já trabalho há muitos anos na área da determinação da suscetibilidade magnética das rochas. Tenho vindo a trabalhar nisso desde que fiz a minha tese de doutoramento, até mesmo antes, quando fiz o meu mestrado. Parte da minha investigação passa também por orientar alunos, e, portanto, tenho os meus alunos de doutoramento e de mestrado. Tenho ainda uma terceira componente, que é, no fundo, a gestão universitária. Também faço muito "disso". Sou diretora no Instituto Geofísico da Universidade do Porto e coordeno o pólo do Porto do ICT [Instituto de Ciências da Terra], a unidade de investigação onde estou integrada.

3. E quantas horas tem o seu dia? (risos)

Uhm, deixem-me ver... chego à faculdade por volta das oito e meia da manhã e muitas vezes sou capaz de vir já almoçar a casa e ficar a trabalhar em casa. Habituei-me um pouco a isso, até em função da pandemia, reorganizei o meu espaço em casa e agora posso também trabalhar lá. Trabalho até cerca das cinco e meia, seis horas da tarde. Não é que eu trabalhe muitas horas durante o dia, mas muitas vezes o sábado é um dia de trabalho. (risos) Não paro muito aos fins-de-semana...

"Eu gosto muito de simetrias. (...) E, de repente, vejo-me na cristalografia, nas aulas práticas, dadas pelo professor Frederico Sodré Borges, (...) a encontrar simetria e achei aquilo fascinante. (...) perceber que na natureza, a estrutura de um mineral obedecia a regras, a padrões."

4. Com todas essas funções...

Exato. Preciso de muito tempo e acho que nunca se desliga no nosso [tipo de] trabalho. Nunca se desliga porque há sempre curiosidade, mesmo depois do jantar, de ir ver se chegou algum e-mail ou alguma coisa que estamos à espera, importante. Há sempre um telefonema que às vezes se recebe à hora do almoço ou ao jantar. Mas não sou aquele tipo de pessoa que diga "Ai, eu nunca descanso" ou "Nunca desligo do trabalho". Eu desligo do trabalho.

5. Em que ano e onde entrou no curso de Geologia?

Entrei em 1986, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. O meu curso ainda era de quatro anos e, portanto, acabei em 1990.

6. Qual foi o primeiro contacto consciente com a Geologia?

Eu nunca tive Geologia no ensino secundário, nem no terceiro ciclo do ensino básico. Nunca tive! Apanhei currículos que não incluíam a Geologia, só biologia ou ciências naturais, mas nunca Geologia. E, portanto, o contacto consciente foi mesmo só no primeiro ano de Geologia. 

7. Então, porquê Geologia?

Pois aí está uma boa questão. (risos) Não foi a minha escolha inicial. É assim um bocado vergonhoso eu estar a dizer isto, não é? (risos) Mas não foi. Eu não sabia o que era Geologia. Tenho um tio que é professor de Geologia, tirou Geologia na Faculdade de Ciências [Porto] e, às vezes, via no quarto dele algumas amostras, uns minerais, etc. Mas não tinha nenhum contacto consciente com a Geologia. Via os minerais como podia ver outro objeto qualquer, sem perceber aquilo como um objeto geológico. E a minha primeira opção, quando me candidatei à faculdade, foi biologia. 

8. Que dor! (tom reprovador)

Que dor, eu sei, muita gente diz isso. Entrei para Geologia naquela ideia de, no final do primeiro ano, mudar. E antigamente, no primeiro semestre, tínhamos matemática, química, Geologia geral e cristalografia. E aí sim, comecei a ter contacto consciente e gostei muito de Geologia geral. Era lecionada pelo professor Fernando Noronha e aquilo abriu-me um mundo que eu desconhecia. E, curiosamente, a cristalografia também. Não digo que seja a minha disciplina favorita, não é. Mas foi uma disciplina muito impactante para mim, porque era um universo que eu não conhecia. Isto tem a ver com um sentido mais estético: eu gosto muito de simetrias. Olhar para os tapetes ou papeis de parede e ver simetrias. É o que eu gosto! E, de repente, eu vejo-me na cristalografia, nas aulas práticas, dadas pelo professor Frederico Sodré Borges. Uma das coisas que ele fazia antes de começarmos propriamente a olhar para modelos cristalográficos, era dar-nos desenhos para determinarmos elementos de simetria: eixos de simetria, eixos de rotação, etc. E que desenhos é que ele nos dava? Os desenhos do [M.C.] Escher! E eu adoro esse desenhador. Então, ali estava eu no primeiro ano, numa disciplina, a encontrar simetria e achei aquilo fascinante. Depois, quando demos o passo seguinte para o 3D, começo a ver modelos cristalográficos em madeira e a procurar planos de simetria e eixos de rotação, era absolutamente fantástico perceber que na natureza, a estrutura de um mineral obedecia a regras, a padrões. Eu não sabia isso. Havia uma ordem. Havia uma simetria na natureza e era uma coisa que eu desconhecia. Não quer dizer que foi aquilo que mais me apaixonou, mas foi aquilo que foi mais disruptivo para mim. E, portanto, no final do primeiro semestre eu já estava convencida e decidi que era para ficar! (risos) Se calhar o meu amor à biologia também não era assim tanto. (sorriso)

9. Mas não são essas as áreas em que se vai especializar. Quando é que sente que é o magnetismo que a "atrai"?

No último ano do curso, tive uma bolsa de iniciação à investigação, no Instituto Geofísico [do Porto; IGP], precisamente onde estamos, orientada por um professor da física, o professor João Montenegro. Nessa altura, esse professor tinha aqui um laboratório de magnetismo e fiz algumas medições. O projeto, com a Universidade de Southampton, incluía um trabalho de paleomagnetismo com os sienitos nefelínicos de Monchique e eu acompanhei as idas ao campo para colher amostras. Portanto, já tinha contactado com o paleomagnetismo enquanto aluna. Quando acabei o curso, entrei, creio que em 1991, como assistente estagiária na Faculdade de Ciências [da Universidade do Porto] e tínhamos de fazer as tais provas de aptidão pedagógica e capacidade científica para passar à categoria seguinte, que era a de assistente. Para fazer essas provas, tínhamos de procurar um orientador e eu fui bater à porta do professor Fernando Noronha, porque era aquele professor que mais me tinha marcado ao longo de toda a minha formação, que me ensinou imensas disciplinas, como Geologia geral, jazigos minerais, petrologia sedimentar, petrologia metamórfica, e mais um não sei que número de cadeiras. Como me impactou muito, fui bater-lhe à porta e disse que queria fazer as provas com ele. Tinha então de me decidir sobre o tema das provas e disse ao professor Noronha que gostava de trabalhar com ele em granitos. Sabia que ele tinha uma vida dedicada ao estudo de granitos e eu queria estudar as propriedades magnéticas dessas rochas. Obviamente, isto não surgiu na minha cabeça do nada, eu já tinha andado a ver bibliografia, havia essa temática. E eu sabia que podia utilizar o laboratório do Instituto Geofísico, porque eles tinham aqui equipamentos para medir a suscetibilidade magnética dos granitos. Portanto, o meu primeiro trabalho de investigação é nesse domínio, orientado pelo professor Fernando Noronha e por esse professor da física, aqui [IGP], o professor João Montenegro. Nasceu aí o meu gosto por esta área. Fiz as provas de aptidão pedagógica e depois quis continuar a trabalhar nessa temática, começando a interessar-me concretamente pela anisotropia da suscetibilidade magnética.

"(...) não há nenhuma rocha que seja magneticamente isotrópica. São todas anisotrópicas, porque os minerais não estão completamente distribuídos de forma aleatória, como poderíamos à partida pensar (...) há uma ordem! É a minha busca pela ordem e pelas simetrias que voltou novamente."

10. ... que é...

É fácil perceber a ideia: uma rocha tem direções maiores ou menores de suscetibilidade magnética. Há uma direção em que a rocha tem mais suscetibilidade magnética, ou seja, magnetiza mais facilmente. E há outras direções em que a rocha já não magnetiza com tanta facilidade, tem suscetibilidade magnética inferior. A rocha tem assim uma anisotropia para essa propriedade. E como as rochas são anisotrópicas, não há nenhuma rocha que seja magneticamente isotrópica. São todas anisotrópicas, porque os minerais não estão completamente distribuídos de forma aleatória, como poderíamos à partida pensar. No caso de um granito, que minerais é que nos interessam? Aqueles que têm ferro, porque esses é que têm maior capacidade de se magnetizarem. As biotites são assim uns bons marcadores da anisotropia da suscetibilidade magnética nos granitos. Mesmo num granito no qual a biotite parece estar toda aleatoriamente distribuída, há uma ordem! É a minha busca pela ordem e pelas simetrias que voltou novamente. (risos) Há uma ordem! Então conseguimos encontrar um eixo de máxima suscetibilidade, conseguimos encontrar um eixo mínimo da suscetibilidade, conseguimos encontrar um elipsoide para a anisotropia da suscetibilidade magnética, como se fosse um elipsoide das tensões ou das deformações. E foi isso que eu quis estudar no meu doutoramento. Fui falar novamente com o professor Fernando Noronha, queria que ele me continuasse a orientar. E ele aí disse-me "Mas então é preciso alguém que te oriente nessa parte! Procura quem é que tu queres que te oriente". Eu disse-lhe que queria ir trabalhar para Toulouse, com o Jean-Luc Bouchez, que era o professor que, nas décadas de 1980-1990, tinha chegado a Toulouse e estava a começar a explorar essa área. E o professor Noronha disse-me "Está bem, então eu vou contactá-lo". E contactou-o! Passado dois meses, eu estava a ir a Toulouse, conhecer o laboratório, e fiz lá o doutoramento, co-orientada pelo Jean-Luc Bouchez. Foi muito importante, era um momento em que a anisotropia da suscetibilidade magnética aplicada às rochas graníticas estava a começar, começava-se a discutir os granitos não só em termos de geoquímica, geoquímica isotópica, mas também enquanto corpos cinemáticos - Como é que eles se instalam? Como é que eles ascendem na crusta? - e isto sobretudo através dos dados da anisotropia da suscetibilidade magnética. Ao mesmo tempo, havia pessoas a trabalhar em gravimetria de granitos em Nancy, para perceber a geometria dos corpos graníticos, e lá vou para Nancy trabalhar com o Jean-Louis Vigneresse. Estou então a trabalhar em Toulouse e também em Nancy e começo a desenvolver toda esta temática da instalação dos corpos graníticos. E é nisso que me mantenho até hoje. (sorriso)

"Gosto muito de ensinar, acho que é uma componente da nossa carreira que deve ser valorizada, que tem de ser valorizada!"

"(...) Às vezes os meus amigos dizem que se eu não tiver uma causa, procuro-a. E mesmo que não seja uma causa de ninguém, eu arranjo aquilo como se fosse uma causa minha. Gosto de resolver problemas e procurar soluções."

11. Foi o abrir de um domínio de investigação totalmente novo aqui no Porto.

Totalmente novo! Não se fazia nada, nem em ASM [anisotropia da suscetibilidade magnética] nem em gravimetria. Quer dizer, a gravimetria era utilizada, mas do ponto de vista da prospeção mineira, já toda a gente ouviu falar da anomalia gravimétrica de Neves-Corvo. Mas na perspetiva de se utilizar a gravimetria para perceber o contraste de densidade de um corpo granítico e do encaixante metassedimentar, isso não era utilizado. E dá-me muito orgulho, porque tenho um conjunto muito grande de pessoas que já trabalharam comigo, fizeram as teses comigo, e continuo a desenvolver essa temática. Isso dá-me muito prazer também. (sorriso)

12. Então, afinal, trazer o "magnetismo" para o Porto foi "a sua primeira causa". Porque é assim que normalmente a vemos, como mulher de causas.

Sim, sou. Às vezes os meus amigos dizem que se eu não tiver uma causa, procuro-a. E mesmo que não seja uma causa de ninguém, eu arranjo aquilo como se fosse uma causa minha. Gosto de resolver problemas e procurar soluções.

"(...) O então o diretor da faculdade preocupava-se com o que fazer com este edifício e como sabia que eu tinha esta ligação ao mesmo, falou comigo e perguntou-me se eu gostaria de vir para aqui como diretora. Estamos a falar de ser diretora de uma casa que estava a cair, (risos) mas eu disse "Vou, vou".

13. Fale-nos agora desta outra causa onde estamos, à qual tem dedicado muito tempo da sua vida.

O Instituto. (sorriso) O Instituto Geofísico. Havia aquela razão sentimental, porque eu tinha feito aqui as minhas provas. Depois, por razões várias, o edifício acabou por fechar quando o último diretor se reformou. E o edifício fechado acabou por ficar velho, a necessitar reparação e obras. Na altura, em 2012, eu fazia parte do conselho executivo da FCUP - tenho algum gosto por gestão - e o então diretor da faculdade preocupava-se com o que fazer com este edifício, e como sabia que eu tinha esta ligação ao mesmo, falou comigo e perguntou-me se eu gostaria de vir para aqui como diretora. Estamos a falar de ser diretora de uma casa que estava a cair, (risos) mas eu disse "Vou, vou". O diretor [FCUP] apenas me disse "Helena, tente arranjar soluções". E eu tentei arranjar as soluções, as quais passaram por procurar financiamento. É evidente que não foi um trabalho que fiz sozinha, contei sempre com o apoio do meu amigo Rui Moura, colega de departamento. E conseguimos, juntamente com a reitoria e com a Câmara Municipal de Gaia, ir a uma call de financiamento e tivemos um projeto de reabilitação do edifício aprovado. A partir daí, foi tomar conta da casa e pô-la a trabalhar. (risos)

14. E esse dinamismo todo, já o tinha durante o curso?

Não, eu era um bocadinho mais calada, não era uma daquelas pessoas que falasse muito. Fui ganhando um à-vontade com os meus colegas e com os professores e mesmo eu, interiormente, fui mudando. Agora sou uma pessoa que fala muito, estou à vontade em qualquer ambiente, falo com uma pessoa que não conheço, quebro o gelo com muita facilidade, mas nem sempre fui assim. Isto foi um processo também de aprendizagem e eu acho que vencer a timidez é algo que se constrói, é fruto de esforço. E eu sempre achei que é importante que "a gente fale". Um dos conselhos que digo sempre aos meus filhos é que têm de olhar as pessoas nos olhos e falarem com elas e dizerem as coisas e serem frontais. A única coisa que me arrependo muitas vezes é de atitudes que não tive na altura por medo, por insegurança, e que não perdia nada em as ter tido. Mas eu era bem mais retraída quando estava a tirar a licenciatura.

15. E nas aulas, um pouco participativa ou também retraída?

Um bocadinho mais retraída. Era capaz de falar com o professor, mas quando estivesse sozinha com ele, durante as aulas não era muito capaz disso. (risos) Depois fui vencendo essa incapacidade, fui vencendo isso. Por exemplo, a ida para Toulouse foi algo muito importante, viver sozinha em Toulouse, uma língua estrangeira, ter de falar em francês. Foi algo que me obrigou também a desabrochar. A minha filha tem 25 anos e, por comparação, eu digo muitas vezes que [antes] eram tempos diferentes. Acho que esta facilidade com que os jovens agora viajam e vão aqui, vão acolá, apanham avião low-cost e vão e vêm, fazem Erasmus e tudo... quando eu estudei não havia essa facilidade. Quando eu fui para Toulouse, já era uma mulher. Agora parece-me que se faz tudo muito mais precocemente.

16. Além da parte académica, havia algumas atividades extra ao nível de associação ou organização de alguma coisa?

Nunca me meti em nada. Mas também me arrependo! Às vezes penso que há tanta coisa que a universidade e a faculdade tinham e têm para oferecer e eu tenho pena de nunca me ter metido nisso. Mas também isso era função da minha timidez na altura. E arrependo-me, vejo coisas que podia ter feito e não fiz...

17. Foi uma aluna boa, muito boa, mediana?!

Boa. Não era assim muito boa, era boa. No sentido em que, por exemplo, havia aqueles colegas que eram muito bons nalguma disciplina da Geologia, mas depois mais fraquinhos nas matemáticas, nas físicas e nas químicas. Eu era boa a tudo, sem ser muito boa em algo em particular.

18. E houve alguma disciplina na qual se destacou?

Uhm... tive muito boa nota a prospeção mineira, com o engenheiro [Albertino] Rocha e Gomes. Depois, quando acabei o curso, fui dar práticas dessa disciplina aos alunos do quarto ano... aos meus colegas. (risos)

19. Foi um bocadinho complicado esse momento, não?

Foi. Nesse primeiro ano [a dar aulas], dei práticas de Geologia geral, o que foi tranquilo porque eram alunos de primeiro ano. Mas as práticas de prospeção mineira, aos alunos do quarto ano, alguns dos quais estavam a repetir a disciplina e, portanto, tinham sido meus colegas, não me agradava muito. Mas teve de ser...

20. E foi essa a disciplina preferida?

Eu gostei muito de prospeção mineira porque, lá está, tinha uma parte de prospeção geofísica. Acho até que era o único contacto que tínhamos com geofísica durante o curso. E eu sempre gostei muito da quantificação física e matemática dos processos geológicos, digamos assim. É isso que me agrada. Por isso também gosto muito de Geologia estrutural, porque também tem lá essa parte quantitativa.

21. Mulher de ciências exatas!

Um bocadinho. (risos)

22. Do seu ano, dos que tenham entrado consigo, há algum colega que hoje em dia desenvolva atividade em Geologia?

Sim, dois dos meus melhores amigos foram meus colegas de curso.

23. Quem são?

A Lígia Santos, uma colega que trabalha em geotecnia, no Porto, e o Pedro Nogueira, que é professor na Universidade de Évora. Ambos são meus amigos assim do coração e mantém-se esta amizade de muitos, muitos anos.

24. Lembra-se qual foi o primeiro trabalho pago ou o primeiro trabalho oficial que fez já licenciada?

Foi logo na faculdade, talvez até tenha sido a primeira bolsa de iniciação à investigação, que já foi remunerada, no último ano. E assim que terminei a licenciatura comecei a trabalhar na faculdade como Assistente Estagiária.

25. Alguém que seja assim uma georreferência, tem?

É fácil, é o Fernando Noronha.

"É fácil, é o Fernando Noronha. (...) Tem sido aquela pessoa que me vai dando sempre empurrões para eu avançar. (..) Nos momentos melhores, nos momentos piores, estava sempre lá. Acho que é uma georreferência e também é um amigo."

26. Conte-nos porquê.

Foi meu professor em muitas disciplinas, acompanhou-me sempre em toda a minha vida académica, orientação das provas, orientação do doutoramento e, por exemplo, foi a pessoa que há poucos anos me disse que estava na altura de eu fazer a agregação. Tem sido aquela pessoa que me vai dando sempre empurrões para eu avançar. E depois, claro, viu-me crescer, viu-me ter três filhos. Nos momentos melhores, nos momentos piores, estava sempre lá. Acho que é uma georreferência e também é um amigo. E, portanto, tinha de falar dele. Eu converso habitualmente com ele, se não nos virmos pelo menos uma vez por semana, ligamos um ao outro para conversar, para saber como é que as coisas estão. Para além disso, somos vizinhos, pelo que nos encontramos frequentemente na rua. Como já contei, no doutoramento disse-lhe "É esta pessoa com quem eu quero trabalhar", que era o Jean-Luc Bouchez, que eu só conhecia da bibliografia. E o facto do professor Noronha me ter respondido "Então eu vou contactá-lo e eu vou pôr-te em contacto com ele" e passado um mês eu estar a entrar em contacto com ele, diz muito.

27. Dar a liberdade, mas também o apoio...

Sim! E sempre me deu a liberdade e apoio de trabalhar com quem eu quisesse, naquilo que eu quisesse e eu acho que isso é incrível.

"A pandemia, em termos de docência, para mim, foi importante. Obrigou-me a sair de uma situação de conforto em que eu já estava há muitos anos, na qual eu fazia sempre tudo da mesma forma."

28. Naquilo que foi e é a sua vida profissional, que atividade lhe dá mais prazer?

Ser professora. Eu gosto muito de dar aulas. Começa o ano e dou teóricas de geodinâmica, uma cadeira para os alunos de Geologia, mas também para outros cursos, como biologia ou arquitetura paisagista. E eu adoro dar as aulas teóricas. As práticas já não dou há muitos anos e confesso que para essas já teria pouca paciência... andar a fazer cortes geológicos, com turmas de vinte e tal alunos... Mas, as teóricas, eu adoro. Ainda por cima, geodinâmica é uma disciplina na qual se fala um bocadinho de tudo, de tectónica, de vulcanismo, de sismos, tudo assuntos que qualquer aluno, mesmo um aluno que não é de Geologia, gosta de ouvir falar. Depois vou-lhes mostrando os exemplos, a crise sísmica de S. Jorge, um sismo qualquer que aconteceu noutra parte do mundo e gosto muito de ver aquele brilho nos olhos daqueles a quem eu consigo chegar. E fico muito contente quando tenho também esse feedback, alunos que me dizem "Olhe, gostei muito das suas aulas" ou "foi dos professores que gostei mais". Acho que isso é o mais importante. Gosto muito de ensinar, acho que é uma componente da nossa carreira que deve ser valorizada, que tem de ser valorizada! E gosto de investir tempo para o fazer bem! Porque eu recordo vezes, quando eu era aluna, em que a gente ia bater à porta de um professor e ele dizia "Ai! Estou a preparar uma aula". Aquilo era um momento solene, preparar uma aula, o professor preparava uma aula! Eu acho que isso agora perdeu a solenidade, as pessoas estão tão assoberbadas por tantas coisas para fazer, quem vai preparar uma aula?!?

29. Já não há um tempo dedicado a, vai-se fazendo...

Mas tem que haver... Eu continuo a adorar dar aulas. Por exemplo, quando agora foi a altura da pandemia, também foi muito importante para mim, porque eu acho que estava ali um bocado estagnada. Tinha os materiais já preparados há muito tempo, a própria metodologia, e de repente vejo-me em 2020, vemo-nos todos, com um ecrã que entra de um dia para o outro. Eu até achei muito curioso porque, talvez um mês antes de entrarmos em confinamento e de falarmos da pandemia, estavam aqueles primeiros casos a acontecer lá do outro lado do mundo e a nossa universidade promoveu uns webinars sobre ensino utilizando plataformas à distância. Foi uma coincidência, não é? A faculdade estava a promover aquilo porque queria e olhem, calhou muito bem. Eu fui assistir aquele webinar e ouvi falar em Zoom, Colibri, vídeos de Panopto, plataformas Moodle... e em determinada altura desliguei, disse "Isto já não é para mim, nem vou perder tempo com isto". De repente dois meses confinados e entra o Colibri, tenho que gravar aulas. E eu aí "Pronto, eu vou estudar isto". A reitoria começou a organizar muitos webinars e eu assisti àquilo tudo. Após 15 dias eu já estava "pro" nos "Zooms", nos vídeos, nos "Panoptos" e tudo mais. Comecei a entrar naquele novo paradigma e gostei. Teve aspetos positivos e negativos, como é óbvio, mas para mim aquilo foi importante, foi um desafio.

30. Fez-nos ganhar novas ferramentas...

Várias novas ferramentas! Eu lembro-me que, quando confinámos, estava a dar projeção estereográfica. De repente estou a dar projeção estereográfica à distância, por Zoom! E decidi "Não, eu tenho que resolver isto". Então, às tantas, estava com a câmara do computador e montei outra câmara, com um tripé. Fazia os exercícios e ia alternando as câmaras. Criei ali um estúdio no meu quarto e depois fiz tutoriais: como determinar o eixo de uma dobra, em projeção estereográfica, tutorial um, e ia gravando, com o meu filho com o telemóvel ali a gravar, "Como determinar o rake [pitch] de uma reta em projeção estereográfica?". Fiz ali um conjunto de 20 tutoriais, pus aquilo no Moodle e eles viam no seu próprio tempo. Tinha as aulas, em que eles participavam, viam-me a desenhar e depois viam também os vídeos. Esta organização para a unidade curricular foi importante. A pandemia, em termos de docência, para mim, foi importante. Obrigou-me a sair de uma situação de conforto em que eu já estava há muitos anos, na qual eu fazia sempre tudo da mesma forma.

31. Julgo que mesmo as pessoas mais dinâmicas sentem que tendemos a procurar aquilo que nos deixa confortáveis.

Isso, exatamente. E já ter ali uma cadeira preparada há anos e anos e não fazer nada por ela, sempre com os mesmos power-points... e, de repente, eu disse "Não, tenho que mudar isto e tem de ser de outra forma".

32. Mas dar aulas e ver só ecrãs...

É difícil, muito difícil. Sobretudo porque os alunos não tinham as câmaras ligadas. E havia de tudo, havia aulas em que realmente dizia "Não estou a ver aqui ninguém", mas havia também aulas em que os alunos participavam. Eu recordo-me que no primeiro confinamento houve aquela questão da cerca sanitária a Ovar e eu tinha um aluno de Ovar que estava a ter aulas práticas de estrutural comigo. Brincávamos sempre com ele, "Então como é que está a cerca sanitária em Ovar?", e ligavam a câmara, falavam comigo e faziam comentários do tipo "A Professora hoje está com um ar triste". Teve de tudo!

33. E o que é que não gosta de fazer, de todo?

Já vos disse que faço muito de gestão universitária, gosto e até, modéstia à parte, acho que tenho jeito para gerir pessoas, gerir processos e tudo mais. Mas, às vezes, a carga burocrática mata-me. Eu para conseguir uma coisa que acho que se devia conseguir com dois ou três telefonemas, tenho de ir por um fluxograma tão grande, cheio de burocracia e processos muito demorados. É isso [que é] o pior, a burocracia!

34. Qual é o momento que considera o mais marcante na sua carreira?

Tenho dois. Um é o doutoramento. Fiz o meu doutoramento em 2000, todos nós passamos pelo doutoramento e aquilo é um momento pelo qual se tem de passar, ponto final. Mas foi importante porque eu estava grávida do meu segundo filho, grávida de seis meses, e para mim isso deu-me aquele empoderamento. Uma espécie de "Estou aqui, estou grávida do meu segundo filho e estou a fazer o doutoramento e consigo fazer isto tudo!" Isso deu-me orgulho e, como a gente diz, deu-me pica. Eu ali a discutir com os júris, isto e aquilo, em francês, porque fiz a tese em cotutela da Universidade do Porto e Universidade de Paul Sabatier, em Toulouse. Tinha de ter um x número de portugueses e franceses e falei em português e francês. E estar ali com uma grande barriga, deu-me prazer. Deu-me gosto de dizer "Sou capaz". Esse momento foi marcante e foi um momento muito feliz.

Uma espécie de "Estou aqui, estou grávida do meu segundo filho e estou a fazer o doutoramento e consigo fazer isto tudo!" Isso deu-me orgulho e, como a gente diz, deu-me pica.

35. E o segundo momento?

Ah, o segundo! O segundo foi um momento também muito importante... e vocês estiveram nesse momento! Foi o GGET de 2008 [congresso do Grupo de Geologia Estrutural e Tectónica, da Sociedade Geológica de Portugal]. Havia aquele grupo que vocês conhecem e eu pensei "Vou organizar um GGET, há muito tempo que não há um GGET e eu vou organizar um em 2008". Mandei um e-mail à direção, já não sei quem estava na direção, provavelmente o Rui Dias, a dizer "Olha, vocês importam-se que eu organize aqui um congresso GGET?" e eles disseram "Avança, Helena". A ideia era um congresso de dois ou três dias, com um seminário e um curso de campo. Arranjei a minha equipa, com as minhas amigas de sempre, a Maria dos Anjos [Ribeiro], a Helena Cristina, que também trabalha lá na faculdade, a Amanda Dória, que já está aposentada, e depois disse "Opa, nós temos de convidar assim alguém emblemático! Vou convidar o John Ramsay!". Procurei na internet e não encontrava nenhum contacto e-mail, só encontrava a morada dele. Então escrevi-lhe uma carta! Ele já estava reformado, já não estava no ativo e a morada que eu tinha dele era a morada de Zurique, do ETH. Uma carta, imaginem vocês! Pensei que nunca ia receber resposta, mas ele respondeu-me a dizer que tinha muito gosto em vir a Portugal e participar no nosso congresso. "Agora vamos arranjar dinheiro para trazer o senhor aqui, pronto!" (risos) E lá se arranjou financiamento! O que vale é que nós geólogos também fazemos muita coisa com muito pouco! E eu tinha-lhe escrito para a Suíça, mas ele até estava no Reino Unido, na casa de uma filha. Quando fui ao aeroporto Francisco Sá Carneiro buscá-lo, pensei "Eu estou aqui à espera do John Ramsay, nem acredito!". Até pedi a uma amiga para ir comigo, a Ângela Almeida, que é colega lá no departamento, "Ângela, vem comigo!". E estávamos lá as duas. Tínhamos vergonha de levar um papel a dizer "John Ramsay", temos obrigação de o reconhecer, tínhamos estado a ver as fotografias dele e tal... e lá o distinguimos. E era uma pessoa de uma simpatia e de uma humildade... uma coisa extraordinária! Depois fizemos a saída e o António Ribeiro disse-me "Oh Helena, interessante era levar o Jonh Ramsay aos maciços alóctones!". E fomos a Morais: eu, a Maria dos Anjos, o John Ramsay, o António Ribeiro e o Eurico Pereira. E também foi algo que irei sempre recordar. O John Ramsay era compositor e tocava violoncelo e ofereceu-me um CD das músicas dele com uma dedicatória, escrita pela mão dele!

36. Nós achámos muito interessante ele falar para vocês e para o António Ribeiro da mesma forma como falava connosco [estudantes], que não sabíamos nada, alunos de licenciatura. Achámos isso incrível!

Ele era de uma simpatia, sim! E depois, quando fomos para Morais ele também foi extraordinário. Eu lembro-me das discussões dele e do António Ribeiro e eu e a Maria dos Anjos a assistirmos àquilo tudo e pensávamos "Não é possível!". Vou contar só um episódio hilariante! Depois da saída, o António Ribeiro já não sei se ficou em Vila Real, sei é que viemos para o Porto, no jipe do departamento, eu, a Maria dos Anjos e o John Ramsay. Só viemos os três. E havia uma regra que ainda há: tínhamos que entregar o jipe limpo, lavado. Então tivemos de ir a uma lavagem automática. Fui buscar uma coisinha de plástico que se mete na máquina e aquilo começou a trabalhar. A Maria dos Anjos estava lá dentro do jipe com o John Ramsay e o carro lá entrou, o jipe lavou e depois entrei para o jipe e disse assim: "Oh Maria dos Anjos, tens consciência que estiveste dentro do jipe numa lavagem automática com o John Ramsay?". E ela: "Nunca pensei que isso fosse acontecer na minha vida!" Ainda agora nós as duas falamos disso e rimos, aquilo é uma private joke! Quando estamos numa lavagem automática, que já aconteceu várias vezes, recordamos essa vez em que estivemos com o Ramsay. Porque realmente é super inusitado, não é? Aquela coisa que ninguém está à espera de que possa acontecer! 

A Maria dos Anjos estava lá dentro do jipe com o John Ramsay e o carro lá entrou, o jipe lavou e depois entrei para o jipe e disse assim: "Oh Maria dos Anjos, tens consciência que estiveste dentro do jipe numa lavagem automática com o John Ramsay?" 

37. Na sua carreira, há algum momento mais complicado, algum falhanço ou instante extremamente embaraçoso?

Há aqueles momentos aos quais não chamaria falhanços, mas que nos perturbam. Aquele artigo que veio dos referees e que os revisores nos "batem no artigo", nos dão "uma coça"! Ou quando um amigo australiano ou canadiano leu o artigo e depois eles dizem que ainda tem de ser lido por um native speaker, tudo isso me irrita. Não são propriamente maus momentos, são coisas pelas quais passamos... Embaraçoso, há um momento que eu acho divertido, foi assim uma coisa que teve piada. Quando eu fui a primeira vez a Toulouse, o Jean-Luc Bouchez, que não me conhecia, disse-me "Oh Helena, tenho muito gosto que venhas cá para começarmos a discutir o que tu vais fazer no doutoramento. Vem agora no mês de setembro e gostava que fizesses um exposé", disse-me ele em francês, pelo telefone, "Sobre os granitos portugueses, os granitos variscos portugueses". E eu, que tinha tido para aí dois anos de francês, não falava nada de francês, disse-lhe "Ok, bien sûr, bien sûr". Eu vou fazer o exposé! O meu marido fala muito bem francês, então eu disse ao meu marido, "Olha, a partir de agora só falas comigo em francês em casa, que eu tenho que treinar francês!". E pus-me a estudar, também. Quando cheguei lá a França, já falava um francês que dava para desenrascar e preparei o exposé em francês! Granitos variscos, os sin-tectónicos, tardi-tectónicos, pós-tectónicos, granito de duas micas, granito com biotite, aquilo tudo, sabia aquilo tudo em francês! E fiz o exposé com uns slides. A determinada altura, havia uns granitos pós-tectónicos que apareciam em bolas e eu queria dizer disjunção esferoidal e disse "Ils avais de disjonction sphéroïdale", a achar que ficou muito bem dizer aquilo e tal. Não existe! Passado um dia, eles vinham-me dizer "Ah, muito interessante, gostei muito, mas quesque c'est la disjonction sphéroïdale?". (risos) E eu, "É a forma em bola!". "Isso não existe!" (risos) Ou seja, durante todo o tempo que eu estive lá a fazer o Doutoramento eles gozavam muito com isso! Até diziam, às vezes, na brincadeira, "Ah, c'est granite y la disjonction sphéroïdale, comment Helena a dit!". E gozavam com isso, eu ali naquele desenrasque inventei algo que não existe. Mas soa bem! Eu acho que se não têm essa palavra, deviam tê-la.

38. Hobbies fora da Geologia, tem algum?

Tenho! (risos) São alguns. Eu gosto de tudo o que seja atividade física. Começo a minha manhã com uma ida ao ginásio, às sete da manhã. Faço umas aulas de grupo e quando não vou ao ginásio, vou correr, gosto muito de correr, já fiz várias corridas de S. Silvestre, gosto muito. Tudo o que seja exercício, gosto. Caminhada, por exemplo, já fiz o caminho de Santiago, gosto de caminhar uns 30 quilómetros num dia, fazer assim longos percursos. E gosto muito de dança. Já fiz aulas durante muitos anos, depois parei na pandemia e não retomei. Aulas de bachata, de salsa e gosto também muito de danças latino-americanas, quizomba e {outras] danças africanas.

39. Se não tivesse seguido a Geologia, era bióloga ou o que seria?

Hoje em dia, não. A biologia já acabou, acabou logo. (risos) Eu vou-vos dizer o que é que eu gostava de fazer: ser engenheira civil. Porque eu gostava de dizer assim, "Olha, projetei aquela ponte". (risos) E também porque já fiz alguns trabalhos de prestação de serviços um pouco mais no âmbito de obras de engenharia civil, como projetos de cartografia geológica nesse sentido. Acho que a engenharia civil pode estar muito ligada à Geologia e também me agrada de certa forma. Porque, lá está, é objetivo e quantificado. Sabem que eu gosto das contas. (risos)


Intraclasto

"Não há amor como o primeiro"*

Como objeto geológico especial, a Helena levou-nos a amostra número 1 do seu trabalho de doutoramento.

*frase feita meramente ilustrativa, porque ora essa, claro que há... os amores são como as amostras, nunca sabemos qual nos vai fazer mudar a interpretação.


Geomanias

Rocha preferida? Granito

Mineral preferido? Magnetite, claro! (risos)

Fóssil preferido? Graptólitos

Unidade litostratigráfica preferida? Complexo xisto-grauváquico

Recursos minerais metálicos ou não metálicos? Metálicos.

Era, Período, Época ou Idade preferido? Era, Paleozoico. Período, Carbónico, onde estão a maioria dos granitos variscos

Trabalho de campo ou de gabinete? Campo, claro

Martelo ou microscópio?  Martelo!


Amostra de mão ou lâmina delgada? Amostra de mão

Pedra mole ou pedra dura? Duríssima. Mas magnetizada! E bem anisotrópica, sim!  

Lusitânica ou Lusitaniana? Eu uso mais Lusitaniana. Nem sei bem porquê.


Teaser da Entrevista